quinta-feira, 23 de agosto de 2012

1º passe como decisão da forma de jogar

No futebol actual, perceber para onde sai normalmente o 1º passe na saída da bola de uma equipa ou principalmente após a recuperação da mesma (transição ofensiva), é o primeiro passo para se perceber a sua forma de jogar! Penso nisto enquanto observo os 3 principais jogos da primeira jornada, e noto (notamos) que das 4 candidatas ao titulo apenas o Braga mudou a sua forma de pensar o jogo a partir do 1 passe. Comecemos exactamente pelos Guerreiros do Minho. Tendo vivido tantas épocas com ADN de transição (desde os tempos de Jesualdo, passando por Jesus, Carvalhal, Domingos ou Leonardo Jardim), chega agora ao clube Peseiro, que é certo e sabido que procura nas suas equipas dar preferência á posse e circulação. Enquanto que os outros treinadores Arsenalistas, procuraram no 1º passe a busca da profundidade com avançados rápidos, o Braga de Peseiro procurara no 1 passe a segurança da manutenção da bola, isto é um 1º passe que garanta á equipa a possibilidade de ficar com ela e construir desde trás o seu jogo! Para melhor entender o que acabo de escrever contem o número de sprints que Lima terá feito na procura da bola lancada para o espaço vazio? Poucos muito poucos comparado coma época passada, onde os médios lhe buscavam constantemente os movimentos de ruptura! É o ADN do treinador versus o ADN da equipa. Na luz resultou em pleno, para retirar tempo de bola ao Benfica numa primeira fase, enervar numa segunda e numa terceira fase virar o resultado de 1-0 contra para 1-2 a favor. Estou curioso de ver se Peseiro vai conseguir essa transformação, jogadores para isso tem! Custodio, Viana, Amorim, Micael, Mossoró (o mais acelerativo de todos) são jogadores com formação futebolística e que não deverão ter dificuldade nesse aspecto, Alan hoje mais velho e menos veloz, também e por isso adaptara o seu futebol, poderá perder Lima a visibilidade neste tipo de jogo, porque terá que respirar mais entre os centrais, mais matador e menos caçador. Ps: Vejo o Braga vs Udinese, e constato que que em relação á equipa que jogou na Luz, saiu Amorim do onze e entrou Hélder Barbosa (outro que prefere jogo de transições), certamente a equipa não estava a ter a posse de bola que o treinador queria, esperou até aos 58 minutos, altura em que pôs Ruben Micael, para a equipa circular mais a bola e ter movimentos de ruptura sem bola por parte do médios. O Sporting é neste aspecto uma equipa mais bipolar, se na época passada com a entrada de Sá Pinto procurou fechar-se bem contra os adversários mais fortes e dai partir para transições rápidas, tendo como primeira linha de passe Capel, Andre Martins ou Carrilho, contra equipas menos cotadas procurou sem grande sucesso a posse e circulação, sendo que nesse tipo de jogo não existia um principio base para esse 1º passe, hora nos corredores laterais, hora no corredor central. Era nítida uma melhor vivencia leonina quando em bloco baixo, o passe sai-a nos seus acelerativos. A bipolaridade pelo que me foi dado a ver em Guimarães mantem-se, não existe padrão em posse, o que dificulta a construção, assim sendo, não terei duvidas que o melhor Sporting da época surgirá em jogos em que a sua responsabilidade de ganhar será menor! O Benfica de Jesus não é, nem sabe jogar em posse, na sua génese existe um constante nervo que o faz permanentemente procurar a aceleração e ir para a baliza. Quase todos os jogadores do sector defensivo para a frente quando tem a bola nos pés, só pensam no melhor passe para criar um desequilíbrio, uma combinação (directa ou indirecta) que abra os caminhos para a baliza adversaria, há no entanto 3 excepções, Javi, procura normalmente os laterais, uma transição mais em segurança, para depois esses sim mudarem a velocidade do jogo, Saviola e principalmente Aimar, que tem ambas as características, o nervo para procurar a ruptura, e a capacidade de tocarem para a posse! Alias é no ponto Aimar que esta a diferença do tipo de jogo que o Benfica pratica, quando esta o argentino o ritmo da transição baixa um pouco. Não estando Aimar o Benfica não tem “paciência” para uma eventual posse e circulação, jogando constantemente um jogo de transições. Witsel no futuro será também eles capazes de gerir posse e circulação, Carlos Martins actualmente começa a entender melhor essa situação. O Porto é normalmente uma equipa de posse, se olharmos para os últimos treinadores do Porto, apenas Jesualdo preferiu a transição mais rápida. Mourinho deu preferência á posse, mas quando necessário (principalmente na europa) acelerou a transição! Villas Boas nunca viu o jogo de transições rápidas como o seu jogo! Mas quer com Jesualdo quer com Villas Boas há que ter em conta o factor hulk, que se mantem no Porto de Vitor Pereira. O Padrão é o mesmo posse e circulação, critério dado por Moutinho e mais acentuado com a chegada de um Lucho que já não é um jogador de grande arrancadas, mas como dizia á pouco há Hulk (e James) quando o 1º passe sai neles é normalmente sinonimo de transição rápida, de aceleração. Já Há muito que Mourinho dizia que a forma de jogar do seu Porto, era decidida pelo médio (normalmente Costinha, Maniche e Deco) que fazia o 1º passe e para onde o fazia. Com esse 1º passe se decidia que ritmo iria ter essa jogada. Como vemos com o tempo mais importância ganha esse 1º passe após o ganho da bola para marcar o ritmo de jogo de uma equipa, mas sempre tendo em conta que tudo isto que foi aqui falado terá sempre que ter em conta as dinâmicas de movimento instaladas nas equipas. São estas as diferenças em termos de definição do jogo das 4 principais equipas Portuguesas, ditadas pelos factores treinadores, jogadores e contexto.