quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Futuro é já ali.


As ciências, sejam elas quais forem, procuram estudar, os porquês, baseados no passado e no presente, tentando prever o futuro. Testes, experiencias, estudos, são feitos buscando andar sempre um passo mais á frente.

Todos sabemos que o futebol, não é uma ciência exacta, mas muito se fala do futuro do futebol, que tipo de jogo, que tipo tácticas, que tipo de pisos, que regras podem ser implementadas, que tecnologias utilizar.
Antes disso tudo, e primeiro que tudo, a questão que para mim, será a mais importante de todas. Que tipo de jogador(es).

Não é preciso muito para se perceber que o jogo actualmente é mais rápido e decidido em espaços curtos de terreno, nessa junção muitas vezes é decidido por movimentos / execuções curtas e rápidas. È essa a tendência futura e natural deste jogo.

Então que tipo de jogador serão a grande maioria dos jogadores do futuro, e falo num espaço temporal, dentro 10 / 15 anos.

A primeira característica que qualquer jogador de qualidade mediana terá, será a facilidade de executar de com ambos os pés. Passar a curta ou longa distância e recepcionar a bola, serão movimentos que terão que ser executados com a mesma naturalidade com ambos os pés. Driblar com ambos os pés é já uma característica que muitos dos actuais jogadores de top têm, no futuro, todo e qualquer jogador criativo deverá ter essa “condição” no seu jogo.

Onde irão buscar os atletas essa evolução?
A resposta é mais simples do que se possa supor. Ao treino. À qualidade dos seus treinos nos primeiros anos de prática. Quem treina os escalões de iniciação futebolista, sabe e entende os benefícios, que os mais jovens tiram, e tirarão no futuro pelo incentivo á execução, do passe, da recepção e do drible com ambos os pés. Do trabalho conjunto de coordenação com a lateralidade e de relação com a bola utilizando sempre os dois pés, sairão jogadores mais bem preparados, mais capazes e com maior bagagem técnica.

Que tipo de jogadores serão?
Serão jogadores que para além da já referida facilidade de execução ambidextra, e também por esse motivo, serão jogadores mais ágeis, mais inteligentes na leitura dos lances e do jogo, logo mais cultos tacticamente, e fundamentalmente predominará a polivalência, teremos mais jogadores capazes de fazer mais posições no campo.

Que jogo com este “novo” tipo de jogadores?
O jogo é pelos dias de hoje, quando a equipa esta em posse de bola, um jogo onde a busca constante pelo espaço e pelos desequilíbrios defensivos no adversário, são a busca constante dos colectivos.
Os espaços continuarão a ser poucos, e a necessidade de executar rápido manter-se-á, no entanto os jogadores estarão mais á vontade para decidirem e executarem rápido em espaços mais curtos. Mesmo nas posições onde agora a criatividade era menos necessária (centrais e laterais), essa evolução deverá de acontecer, será o ponto de partida, para a evolução dos modelos de jogo (posse e circulação, transições rápidas, contra ataque e jogo directo, defesas bloco alto, médio alto, médio baixo e baixo) tendo como base os esquemas tácticos ( 4*4*2, 3*5*2, 4*2*3*1, 4*3*3,4*1*3*2, etc)actuais, ponto em que nada mudará no futebol.
No meu ponto de vista, após a última grande evolução futebolística ter acontecido a nível táctico, o que levou a termos jogadores mais ágeis física e mentalmente, a próxima será a nível das características técnicas dos atletas, pelos motivos que apontei, teremos melhores atletas em termos de execução técnica (ambidextros), e de leitura e interpretação do jogo, a preocupação da formação incidirá na garantia que o atleta terá vários recursos técnicos / criativos, para utilizar a quando da leitura e interpretação das situações.

O futuro é já ali, mas já está a ser preparado hoje.

Um comentário:

30 disse...

Excelente texto, concordo com tudo. Em relação à situação de um jogador ambidextro ser claramente o jogador do futuro, até ao nível do espaço e do movimento do corpo à procura do seu melhor pé, perdem-se milésimos de segundo fundamentais que daqui a 10-15 anos já não se poderão perder. Naturalmente que jogadores que só usam um pé, como é o caso de Messi, têm de ser verdadeiros génios para poderem estar no topo. A facilidade de execução e imprevisibilidade que um jogador oferece às suas acções cresce de forma exponencial se jogar com os dois pés, para poder resolver melhor nos espaços cada vez mais curtos e na intensidade da dimensão espaço que é cada vez maior.

Um abraço