segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Kaka...para bem do tradicional futebol




Depois da lei Bosman (1995), os clubes ficaram privados dos seus símbolos, daqueles jogadores que jogavam mais de 10 anos num só clube, tornando-se símbolos, referências desses mesmos clubes. Actualmente, jogadores como Maldini (Milan), Totti (Roma), Raul e Guti (Real Madrid), Del Piero (Juventus) são talvez os maiores representantes desse passado que nos parece tão distante mas que leva pouco mais de 10 anos.

Há jogadores que nos habituamos a ver com determinadas camisolas, e que penso serem para os adeptos inegociáveis, devendo os directores fazer todo e qualquer esforço para os manter nos seus clubes, correndo os riscos de terem contra si, aqueles que os idolatram, aqueles que ao longo dos anos construíram com os seus ídolos, mais carismáticos, uma relação de eterna cumplicidade clubistica, sentido que esses jogadores são dos “seus”, e também eles amam o seus clube, mais que qualquer proposta financeira. Terry e Lampard do Chelsea, Gerrard no Liverpool, Xavi, Iniesta e Puyol no Barcelona, Ferdinand, Scholes e Neville do Manchester United, Buffon da Juventus, Zanetti no Inter, Pirlo e Gatuso no Ac Milan, são esse tipo de jogadores, mais que meros jogadores de uma equipa, são quase e extensão do adeptos dentro do balneário, porque os adeptos os sentem como tal, são inegociáveis e intocáveis, mesmo que no caso de Gary Neville e Scholes, joguem cada vez menos.



Vi este fim de semana, o Milan vs Fiorentina, aguardava com especial atenção, a reacção que os adeptos do Milan teriam, á noticia da tentativa de compra por parte do Manchester City do passe de Kaka, por números que apontam para entre os 100 e os 150 milhões de euros.
A reacção foi a esperada, os “Tiffosi” encheram o San Siro de faixas demonstrando todo a sua vontade, toda o seu querer. Kaka, é um deles, e para eles é inegociável, e caso assim o Brasileiro queira, terá sempre na parte vermelha e negra da cidade um trono para reinar, durante toda a sua carreira desportiva, nos bons e maus momentos, assim como Shevchenko teria, caso não os tivesse trocado pelos milhões do Chelsea, é certo que o Ucraniano voltou a casa, mas os adeptos, já não o sentem como um deles, já não enchem o estádio com faixas para o agora numero 76, até porque o seu antigo numero antes de partir, o 7, brilha agora nas costas de um miúdo de 19 anos que os fez esquecer a traição que Shevchenko, lhes cometeu.

Durante a primeira parte fez duas arrancadas á Kaka, desde o meio campo, com a bola dominada, cabeça levantada, passando adversários. San Siro quase esgotado em comício de protesto, e em demonstração de “amor”, quase veio a baixo, e talvez nunca os cânticos ao 22, fossem tão fortes. Berlusconi e Galliani ouviram, Kaka sentiu.

Kaka é daqueles que só se associa a dois clubes, o São Paulo no Brasil (como seria ou será, caso um dia volte a jogar no Brasil e não seja no Tricolor Paulista) e o Milan na Europa. Kaka parece-me um homem, ponderado, e identificado com o clube de Milão, não creio que caso a transferência se concretize, por parte dele seja por dinheiro, poderá interessar mais ao Milan essa parte, que ao próprio jogador, felizmente para ele, teve a sorte de ter uma melhor infância que muitos, nascidos no Brasil.

Posso me enganar, mas desta história toda, sairá Kaka com o contrato da sua vida…renovando com o “seu” Milan, para gáudio do seu povo, e provavelmente para bem do futebol e de quem gosta dele, os que ainda vão aos estádios….

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