segunda-feira, 30 de março de 2009

A Selecção, a Decodependência e a formação


Não gosto muito de escrever sobre a selecção nacional de futebol, prefiro deixar esse tema, para o meu amigo Maço, que normalmente o faz.
No entanto acho que chegou o momento de pessoalmente, lançar o meu olhar, sobre a casa selecção nacional.
Para poder fazer esse balanço actual, deverei obrigatoriamente primeiro falar do passado recente dessa mesma selecção.
A chamada geração de ouro demorou a consolidar e a estabilizar em termos de futebol sénior, esteve presente no euro 1996 em Inglaterra, falhou o mundial de 1998, voltou no Euro 2000 (o melhor em termos de qualidade futebolística), e esteve ainda no mundial de 2002 (o desastre), dessas selecções faziam parte jogadores como, João Pinto, Figo, Rui Costa, Fernando Couto, Vítor Baía, Paulo Sousa, todos eles jogadores de que estavam entre os melhores do mundo nas suas posições acompanhados por Hélder, Pedro Barbosa, Jorge Costa, Dimas, Paulo Bento, Nuno Gomes, Abel Xavier, jogadores que não sendo do top mundial, eram jogadores titulares nos seus clubes e que emprestavam também eles qualidade á selecção.
Com a entrada de Scolari e dois anos para preparar o europeu em terras lusas, dos que referi anteriormente como jogadores de top, o Brasileiro apostou em Figo (galáctico), Rui Costa (por esta altura no Milan) e Fernando Couto (por essa altura, titularissímo de uma super Lázio), questões físicas afastaram Paulo Sousa, exclui João Pinto da selecção (estava castigado por um período longo devido a agressão ao arbitro no ultimo jogo do mundial 2002), e fez de Vítor Baia o seu caso de guerra com os media Portugueses., dando a baliza a Ricardo. A Figo, Rui Costa e Fernando Couto, juntou Jorge Andrade, Ricardo Carvalho, Maniche, viu Miguel e Paulo Ferreira tornarem-se dois dos melhores laterais direitos da altura, assistiu ao rápido crescimento de Cristiano Ronaldo e por fim naturalizou Deco. Ficando a selecção nacional com um núcleo de 7 / 8 jogadores de top mundial, todos titulares nas melhores equipas do mundo.

Após esta longa introdução / reflexão, sobre o que foi o passado recente da selecção, em termos de qualidade individual dos jogadores chaves, chagamos ao motivo deste post.
Desde a algum tempo, que defendo (defendemos) que Portugal, depende em muito da capacidade e do momento de…Deco. Se o Luso brasileiro está bem, a selecção está bem, se não, é o cabo dos trabalhos, após a retirada de Rui Costa, este é e será sempre o problema de todo e qualquer seleccionador, encontrar um jogador que possa dar tão bom rendimento como Deco naquele posição chave, de qualquer equipa que tenha que assumir as despesas do jogo.
Desde á algum tempo (e aqui sei que não reúno consenso) que defendo que a selecção nacional é uma selecção de qualidade mediana, e que lhe falta, os tais jogadores de top mundial, caímos de um numero de 7/8 como referi anteriormente para 4/5, Ricardo Carvalho (com muitas lesões nos últimos 2 anos) Pepe, Deco, Cristiano Ronaldo e Simão, sendo que em minha opinião, Simão é um jogador de clube, na selecção não consegue atingir o protagonismo, que atinge nos clubes. No entanto os jornalistas, portugueses continuam a colocar-nos em termos qualitativos num patamar que actualmente não atingimos. Basta fazer este raciocino lógico. O actual Guarda redes joga (sem querer ferir o Braga) num clube, que luta num campeonato como ao Português para ir á UEFA, continua a faltar um lateral esquerdo de raiz e que dê garantias, no meio campo jogaram desta vez Pepe (central de origem), Tiago tem qualidade está perto de ser um jogador de top mundial, mas não é, Meireles nunca será um jogador de top mundial, podem ainda jogar João Moutinho, ainda não é um jogador de top mundial, veremos se lá conseguirá chegar, Manuel Fernandes por culpa própria vai passar, ao lado de uma grande carreira internacional, Maniche já o foi, mas por diversos motivos nos últimos anos, não tem conseguido fazer uma época a jogar regularmente.
Depois para a frente á Quaresma, está a chumbar nesta prova de afirmação, como grande jogar de equipas de top, no Inter não aguentou a pressão, no Chelsea não passa de mais uma opção, Nani não é titular indiscutível no Manchester United e joga quando é para fazer descansar algum dos jogadores do núcleo duro, Danny, tem qualidade mas joga num campeonato de igual qualidade ao Português, na melhor equipa da Rússia, parece-me pouco para o considerar um jogador de top mundial, Hugo Almeida não é titular indiscutível no Werder Bremen.

Em minha opinião temos actualmente uma selecção que se sente mais confortável em jogos onde não tenha que assumir as despesas do jogo. Sente-se mais confortável em jogos onde possa jogar em contra – ataque, onde não tenha que jogar contra defesas cerradas. Ora isso só pode acontecer frente a selecções como Franças, Holandas, Inglaterras, Itálias? Espanhas Argentinas e Brasil (todos vimos o massacre que foi no ultimo Brasil – Portugal).
Contra equipas que tal como a Suécia, defendem bem, e jogam bem fechadas, a táctica de dar a bola ao Cristiano Ronaldo e ele que resolva, não resulta e nunca resultará para atingir apuramentos e ou boas qualificações nas grandes provas de selecções. A Decodependência é gritante, á já algum tempo.

Queiroz está a pagar o preço de actualmente termos uma selecção qualidade mediana, certamente também terá as suas culpas no cartório, mas sempre ouvi dizer que é impossível fazer omeletas sem ovos. Prova disso mesmo que acabei de dizer são estás duas perguntas que vos deixo para reflexão.
Alguém se lembra de nos últimos 10 anos termos ganho algum título europeu ou mundial nas camadas mais jovens? Alguém se lembra de boas prestações das nossas selecções de esperanças, nas últimas fases de apuramento para europeus e jogos Olímpicos? Certamente todos se lembram do Europeu de esperanças que se disputou no nosso país e que onde antes de jogarmos, já o tínhamos ganho, e inclusive já passeávamos a taça pelo território nacional. Resultado? Não passamos da 1ª fase.

O futuro do futebol Português preocupa! Estamos doentes de qualidade, e teremos que repensar a formação, metodologias de trabalho, mentalidades, quer de clubes, quer da própria estrutura de formação da selecção. Só como exemplo, pergunto o que é que os juniores do Benfica poderão evoluir, tendo João Alves como treinador? Pode saber bem o que é a mística do Benfica, mas é não será igualmente importante transmitir conhecimentos actuais sobre o jogo? É apenas um exemplo! Assim como no pólo aposto acredito que um homem como Rui Jorge é capaz de emprestar mais qualquer coisa na formação do Belenenses.
Para isso os clubes terão que ser os primeiros a dar o exemplo, continuando a importar camiões de jogadores estrangeiros, dificilmente os nossos meninos terão oportunidade de poder crescer como jogadores, era bom ver mais Migueis Vítor, Danieis Carriços, Adrien Silvas. Senão voltamos rapidamente ao passado, de andar sempre com calculadora na mão, e só irmos a Europeus e mundiais quando o rei faz anos.

Tudo isso desabou em cima de Carlos Queiroz, mas como atrás referi, também ele tem as suas culpas no cartório, na agora, mais que provável não qualificação de Portugal para o Mundial 2010, mas para perceber a gravidade de uma ferida, temos que olhar em profundidade para a mesma. E a profundidade da ferida nacional é muito maior do que se pensa.

Ps: temos sempre a possibilidade de naturalizar tudo o que é Brasileiro acima da média que aparece no nosso burgo, mas não me parece que esse seja o caminho.

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