quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Inglaterra de Capelo e o seu eixo central

Vejo os últimos 5 minutos do Inglaterra 5 Croacia 1, e vejo uma Inglaterra a fazer posse de bola, segura circulação de bola, de pé para pé, procurando calma a pacientemente o momento para atacar a baliza. È certo que o resultado lhe confere essa tranquilidade, mas Capello deu outra alma á “selecção da rainha”.
A grande diferença desta Inglaterra, está no posicionamento de 3 jogadores, Gareth Barry á frente do quarteto defensivo, médio de 28 anos agora no Manchester City, que vê finalmente reconhecido o seu valor em termos de selecção. è ele a par de Lampard que definem tudo na equipa, que ritmo impor, se jogam mais curo ou mais apoiado, são eles que queimam linhas na transição, são eles os patrões no meio do campo da equipa. Gerrard ocupa a posição atrás dos ou do ponta de lança, o que permite-lhe jogar em função dos espaços deixados por estes no campo, entrando de trás, aplicando a sua visão de jogo ou o seu poder de finalização. A colocação de Gerrard nesta posição permite também á equipa pressionar alto quase na saída da bola. Terry atrás no sector defensivo é o líder de uma defesa que ainda lhe falta Ferdinand.
Ou seja a Inglaterra percebeu que dominando o eixo central do relvado, domina o jogo, assim Terry, Barry, Lampard; Gerrard e Rooney , são as principais peças de uma maquina que começa a ficar muito bem oleada.
Porem dominar o eixo central não quer dizer jogar pelo eixo cental, assim Aron lennon ou Defoe, dão a largura necessária a qualquer equipa.

Maradona....e saber defender...

“Por tudo isto, encaro com receio e desconfiança esta nomeação! Temo que Maradona, ainda não tenha ultrapassado, 10 anos depois, a fase do jogador, do ter de deixar de fazer aquilo que melhor sabe e gosta, de não ter a atenção totalmente centrada em si, quanto a mim, um dos vários motivos que o conduziram aos caminhos que percorreu!Encaro com receio esta nomeação também pelas palavras de Corrado Felaino, com que abro este post, Maradona só poderia ser treinador de uma equipa onde jogasse o próprio Maradona. E muitas vezes é mais fácil dirigir estando dentro das quatro linhas, as mensagens chegam muito mais depressa, do que quando vindas do banco. Messi e Riquelme são grandíssimos jogadores, predestinados, mas Maradona nunca lhe poderá pedir que sejam Diego dentro do campo, podem se aproximar, mas nunca o serão Diego. Sentirá-se frustrado quando pedir aos jogadores para fazerem isto ou aquilo, jogarem desta ou daquela forma, e perceber que eles não o conseguem fazer. Explodirá, dirá o que deve e o que não deve, entrará em conflito com esta ou aquele jogador, e virá Bilardo acalmar as coisas!”

Estas foram as minhas palavras a 31 de Outubro de 2008, aquando da nomeação de Diego Maradona como seleccionador Argentino.
Quase um ano depois, e uns quantos jogos de apuramento para o mundial 2010, venho aqui reconhecer que os piores receios se concretizaram (tirando o facto de Diego ainda não ter explodido no banco, onde mantém quase sempre uma imagem de sofrimento, muito sofrimento).

Vamos por partes, se no ataque como escrevi recentemente continua a faltar um ponta de lança com características diferentes de Aguero ou Tevez, alguém mais próximo dos aqui recordados Batistuta e Crespo.

No meio campo, sempre pensei que com Maradona como treinador, as suas equipas tentassem tocar mais a bola, jogar mais apoiado, com passe e desmarcações rápidas. O que tem acontecido é que principalmente por responsabilidade de Veron, procura-se muito as costas das defensivas adversárias, que contra equipas com bloco baixo, como tem acontecido anula em muito a qualidade técnica dos homens da frente.

Alguém me consegue dizer o nome de um central argentino de classe mundial nos últimos 30 anos? Por mais que pense não encontro nenhum?
A Argentina de Maradona defende muito mal, ou melhor os seus jogadores das posições defensivas comentem erros demasiados infantis para serem verdade em alta competição, basta olhar para os 3 golos sofridos frente ao Brasil. De toda a defesa só Zanetti dá garantias, Heinze (não entendo como consegui chegar a grandes clubes mundiais), Pappa Otamendi são horríveis, Coloccini, menos mau, mas…

E certo que uma equipa quando defende, defende como um todo, mas normalmente os golos tem surgido por falhas individuais de jogadores das posições defensivas. Para quando uma defesa com a mesma qualidade do resto da equipa , ou a defenderem correctamente.



Com tudo isto, os Argentinos correm o risco de ficarem fora do mundial, e fica provado que Diego, nunca deveria ter saído da imortalidade dos relvados, para a guilhotina do lugar de treinador

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Kaka, Ronaldo e Messi, que jogadores depois dos 30

Se um jogador atinge normalmente o auge da sua condição atlética e maturidade futebolística, entre os 26 e os 29 anos, olho para as idades aqueles que são considerados os 3 melhores da actualidade, e tento perceber o que são neste momento, e o que poderão acrescentar ou retirar do seu futebol num futuro próximo.

Kaka agora com 27 anos, é o único dentro da idade dita do “auge” do máximo das suas capacidades, mas desde cedo revelou o que seria o seu futebol, por esta altura.
Jogador criativo, de explosões, arrancadas, de drible fácil, de muita visão de jogo e de elevada capacidade de passe. Tudo isto cimentado pela sua robustez física natural, que muitas vezes faz uso para fugir aos seus caçadores em campo. Mas com a bola nos pés este Brasileiro sempre foi classe pura. Kaka já fazia tudo isto com 22 anos (idade de Messi por exemplo), o que Kaka ganhou ao atingir o auge, foi capacidade de gestão de ritmos de jogo, que lhe permite agora aproximar-se muito do que é o número 10 moderno, ou de aquilo que muito treinadores idealizam como o 10 moderno (Rui Costa e Seedorf, tiveram a sua cota parte de participação neste processo).

Kaka depois dos 30?
Será cada vez menos um jogador de esticões no jogo, de arrancadas, acelerações, será cada vez mais um pensador, aproximar-se-á muito do que foi Zidane por essa idade. O futebol da sua equipa passará todo por si no processo ofensivo, ao contrário do que acontecia por exemplo no Milan, onde Kaka era solicitado para dar velocidade ao jogo. Talvez sinta necessidade por essa altura de jogar uns metros mais recuado, para melhor ver o campo, melhor ler o jogo, melhor desequilibrar, em tabelas, em drible ou em passe.
Aquli que é Kaka hoje em Madrid é a antevisão do que será o Brasileiro depois dos 30, em termos quer de posicionamento, que de solicitação de jogo.

Ronaldo agora com 24, todos sabem é um criativo, velocista, tecnicista, driblador nato. Durante muito tempo teve a linha como sua melhor amiga, entretanto foi aparecendo em zonas mais de finalização e começou a tornar-se goleador, mantendo intactas as suas características, principais. Ganhou também compleição física, que o ajudou a suportar melhor os confrontos físicos.

Ronaldo navegará pelos 26 aos 29 anos, como um avançado que permitirá diversas soluções ao seu treinador, jogando como avançado ou como extremo, e provavelmente ganhará inteligência para perceber quando deverá ser extremo e quando deverá ser apoio do ponta de lança.

Ronaldo depois dos 30
Penso que depois dos 30, Cristiano cada vez mais tenderá, para ser um segundo ponta de lança, e ter contactos esporádicos com aquela que foi no seu inicio de carreira a sua melhor amiga, a linha. Será uma versão melhorada de Raul, porque é mais robusto, e apesar de tender a perder velocidade de ponta de aceleração, manterá a velocidade de execução rápida e espontânea, necessárias nas zonas de finalização. O seu perfil nunca será o de um pensador, de algum gestor de ritmos de jogo, ficará eternamente preso aquilo que os que jogarem atrás de si (médios), lhe poderão proporcionar em termos de jogo, de bolas jogáveis.
Não o vejo com as mesmas capacidades de jogo que Luís Figo por exemplo, que por ter passado tantos anos agarrado á linha, conheceu-lhe todos os segredos, de como a partir dela, se tornar um pensador de todo o jogo de uma equipa.
Messi agora com 22 anos, é tudo o que se sabe, criativo, velocista, tecnicista, driblador nato e…pensador. Pode ser extremo, que serve para golo ou vai para golo sozinho, avançado que tranquilamente finaliza, ou jogar como 10, se como é o caso tiver alguém que lhe leve a bola até as zonas de decisão (Xavi e Iniesta).
Falta-lhe físico, dirão alguns, pergunto-me para quê se essa é uma das suas armar, a capacidade com que aparentemente frágil, é certamente ágil, foge, tabela, acelera, dribla.

Pergunto-me se Messi atingirá o daqui a 4/5 o seu “auge” de condição atlética e maturidade futebolística, sinceramente espero que sim, relegaria Maradona Para 2º melhor jogador de todos os tempos, e tiraria um peso de cima á FIFA, mas caso isso não aconteça que se deixe ficar como está, precoce em tudo. Uma característica certamente Messi ganhará nessa idade, capacidade de gestão de ritmos, por vezes percebe-se que são Xavi e Iniesta que lhe contem a sua vontade de aceleração constante de jogo, e mais ainda se nota quando está ao serviço da sua selecção, onde não tem estes dois gestores do jogo e da bola. Acredito que com a idade Leonel ganhe isso.

Messi depois dos 30, poderá fixar-se nas costas dos avançados, ou mesmo como avançado, jogando um jogo que muitas vezes Guardiola, gosta de o fazer jogar, “o Jogo da ilusão”, jogando com falso avançado, que sairá constantemente da zona dos centrais para os iludir, e os atrair para zonas que não as suas. Talvez perca alguma agilidade para fugir as marcações mas compensará com um ainda melhor conhecimento de todos os terrenos que pisa.
Obviamente Messi poderá ser 10, jogar a 10, e acho que é ai que todos nós o vamos gostar de ver, relembrando os antigos números 10 que tendem a desaparecer, um 10 mais clássico que Kaka, aquele 10 que qualquer treinador obrigatoriamente deverá dar liberdade no campo, para criar, desequilibrar, brincar como “El Diez” Maradona o inspirou.

C.Ronaldo que terrenos pisar neste Real?


Este fim de semana estive a ver com especial atenção o 1º embate do Real Madrid para o campeonato Espanhol. Acompanhei com muita curiosidade as movimentações de Cristiano Ronaldo pelo campo.
O Real é actualmente uma tentativa de criação de uma equipa de futebol ofensivo, para isso foram contratados 3 dos melhores jogadores do mundo, Ronaldo, Kaka, Benzema.

Se para Benzema o papel esta facilitado, por ser um avançado / Ponta de lança, sabe que deve jogar fixo na área mais ponta de lança, menos avançado, esse papel por agora é dado ao eterno Raul, que se movimenta nas suas costas, partindo dai para dar os apoios e fazer a ligação entre médios e Benzema. O Francês joga fixo e raramente cai nas linhas, não é esse o seu papel neste Real. A si está-lhe atribuída a função de concretizar, de “matar”, em golo as bolas que sucessivamente poderão aparecem na área.

Kaka, será o cérebro criativo da equipa, pede-lhe que não seja o jogador de que actuava no Milan, que dava esticões no jogo, que constantemente acelerava, para servir os avançados ou que enfrentava sozinho cerradíssimas defesas: essa Kaka, poderá e deverá aparecer mais nos jogos fora do Bernabéu. Kaka numa suposta posição 10, será o pensador, o criativo (Xavi Alonso mais organizador posicional da equipa), o homem do ultimo passe ou de passes de ruptura normalmente para os avançados Raul e Ronaldo ou para qualquer outro jogador que procure movimentos de ruptura.

Toda esta introdução para chegar ao posicionamento de Ronaldo em campo. Dos jogos que tenho visto o Real Madrid jogar, parece-me haver uma indefinição do que é pedido ao 9 Madrileno. Jogar como extremo aberto, ou como avançado interior?. Passo a explicar. Jogando Ronaldo com extremo típico, aberto a toda a largura do campo, o que tem acontecido é que ao receber a bola, o Português normalmente não tem apoio imediato, Raul move-se perto de zonas mais centrais, Kaka nem sempre se consegue libertar das marcações a si impostas pelos médios adversários, Benzema pouco sai da área, e o lateral do lado onde normalmente está CR9, talvez para manter os equilíbrios da equipa pouco ou nada soube no terreno, mesmo Marcelo que é lateral de vocação ofensiva. Ficando constante exposto a situações de 2x1 defensivos. Jogando como avançado interior, afunila, para zonas onde as marcações são ainda mais cerradas, e onde o seu futebol de explosões, de arrancadas, de pequenas acelerações não consegue aparecer. Ronaldo acaba por ter até mais tempo a bola nos pés de que quando jogava em Manchester, acontece é que normalmente não a recebe em zonas propicias para si e para o seu tipo de jogo.

Penso que esta posição entre extremo e avançado interior, será uma forma de tentar com que também Ronaldo jogue perto da baliza, para também ele chegar ao golo, não só de penalty, a pressão de 94 milhões de euros, terem que fazer golos, também de penalty mas não só de penalty. No entanto esta indefinição posicional, limita o futebol de Cristiano.
Manuel Pellegrini, deverá rapidamente, perceber, que ou Ronaldo joga a extremo puro, para o fazer regressar ás origens do seu futebol, feito de velocidade, desequilíbrios no 1x1 ou mesmo 2x1, assistências e finalizações, aparecendo em diagonais largas saindo da linha lateral para aparecer entre o central e o lateral, e para acima de tudo, lhe retirar a pressão dos golos. Ou então o técnico terá que retirar o 7 Raul, e colocar CR9 na ligação entre Kaka (médio criativo) e Benzama (ponta de lamça), como avançado deambulando a toda a largura da frente de ataque. Podendo assim fugir mais as marcações e beneficiando mais dos passes a desmarcar de Xavi Alonso e Kaka.

Para mim neste momento antes de ser um problema de entrosamento ou adaptação, é essencialmente uma problema posicional e de dinâmica de equipa que afectam o futebol de Ronaldo no Real Madrid. Enquanto Pellegrini não for claro com o que pretende do Ronaldo no campo, o muito futebol que tem nos pés não explodirá. Só bem posicionado, poderá ser bem utilizado.