sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Estar lá, aparecer por lá!




No passado quase todas as equipas que queriam ser campeãs, tinham que ter um chamado homem de área, alguém que gostasse e se sentisse bem, dentro daquele espaço de relva onde, nem todos tem a capacidade de sobreviver anos a fio, ao mais alto nível
Essa espécie tende a desaparecer, sendo cada vez mais substituída, por uma outra espécie de update, desses Pontas de lança, aliás já não se chamam pontas de lanças são os avançados modernos. Porém, existem os que insistem em sobreviver e a essa extinção! Peter Crouch, Andrew Carroll, Emmanuel Adebayor, os eternos Filippo Inzaghi e Morientes ou o “Português” Óscar Cardozo, são alguns exemplos desses resistentes. Pontas de lança que “respiram” melhor dentro da área, fora dela, são jogadores que normalmente denotam dificuldades, técnicas, criativas, tácticas, são patinhos feios, por quem normalmente poucos ou nenhuns pagavam para ver jogar (ex: Jardel), (há e houve excepções Van Basten, Batistuta, Klinsmann, Romário são exemplos de pontas de lança que encheram estádios, para os ver jogar, mas esses são de outra elite).





São jogadores que dependem de toda uma equipa, para lhes fazer chegar a bola, mas que quando isso acontece, sabem que as hipóteses de eles a colocarem dentro da baliza, é muito grande. São jogadores de estar na área, e de um pequeno espaço de terreno, fazem o seu parque de diversões.
Mas esta sua dependência colectiva, fez surgir um novo estilo de “Pontas de lança”, os avançados, jogadores capazes de jogar fora do “habitat” natural dos pontas de lança, jogadores capazes de sair dela, para auxiliarem na construção de jogo no ultimo terço do campo, jogadores capazes de pensarem como um 10 antigo, e aparecerem a finalizar como um 9, jogadores não de estar na área mas de aparecerem na área (exemplo Raul).
Se no passado ainda se tentou combinar essas duas características, ponta de lança de área com um avançado mais móvel, nos dias que correm uma parte das equipas de top, procuram combinar dois avançados móveis na frente do seu ataque.





Os bons “pinheiros” como recentemente Paulo Sérgio lhes chamou, não abundam no mercado, por isso também são caros, apesar de como referi á pouco, poucos comprarem um bilhete para irem ver por exemplo Cardozo, mas a certeza da garantia de um mínimo de 15 golos por época, fazem com que apesar de não muito apreciados, a sua utilidade é inquestionável.
Dou como exemplo a selecção portuguesa! Ao longo da sua história, salvo algumas gerações, debateu-se quase sempre com problemas para encontrar goleadores, homens que marcassem golos sistematicamente e que garantissem vitórias, mesmo tendo poucas oportunidades para os fazer, Torres, José Aguas, Eusébio, Jordão, Gomes e mais recentemente Pauleta (todos pontas de lanças puros exceptuando o “Pantera Negra”)!
Se me perguntassem qual era para mim, o jogador que eu teria colocado nos últimos 10 anos na frente de ataque da selecção, a minha resposta só poderia ser uma….João Tomás, o melhor “pinheiro” Português da última década, no entanto olho para as suas internacionalizações e 4 dedos de uma mão chegam, para as contar!



Há e há-de existir sempre uma diferença entre os homens que estão na área e os que aparecem na área, os primeiros serão sempre incompreendidos no futebol actual. Mas há e haverá sempre espaço para quem dá o sal e a pimenta ao jogo de futebol.

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