sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Se”, “então”, “O Quê”, para chegar ao "Como"

No livro “Segredos do Futebol” de Rui Pacheco, existe uma passagem referida como sendo de J. Garganta, que afirma que a “decisão estratégica está relacionada com os fins de mudança (“se”…”então”), enquanto que a táctica se reporta aos meios a utilizar para tal (ao “o Quê” e ao “Como”).”

Lembro-me desta passagem quando visualizo o Sporting vs Leixões e o Porto vs Leiria e me apercebo que existem alguns jogadores do Sporting e do Porto incapazes de tomar regular e consecutivamente boas decisões. É o “Se”, “Então”, “o Quê” e o “Como”

Os jogadores ao longo de 90 minutos tem que tomar consecutivas decisões, fruto de “problemas”, “situações” que lhes são colocados, o 1º passo para a resolução das situações, começa com a questão “Se”. Se eu tenho a bola, se eu não tenho bola, se o meu colega não me dá apoio, se isto, se aquilo.

O “Então”, são as inúmeras possibilidades de resolução desse “Se”. Se o meu colega tem a bola, então devo-me desmarcar, então devo-lhe dar apoio.

A selecção dessas inúmeras opções, leva o jogador para outra questão, o “O Quê”, é o momento prévio à execução. “O Quê” tem de ser posto sempre em dois sentidos, o que é que é melhor para a equipa, o que é que é melhor para mim, o momento em que maior parte das vezes, a decisão está tomada, e em que o jogador, pensa no que é melhor fazer naquela situação.

O “Como” é apenas e só a resposta mecânica á situação / problema, tendo como base a execução técnica- táctica. Como posso ultrapassar este adversário, como posso travar este adversário, como posso criar uma situação de desequilíbrio defensivo, como devo ocupar o meu espaço, etc etc.

A prática (no caso dos mais jovens), a experiência, leva a que este processo passe a ser cada vez mais rápido, pelo que pode ser chamado raciocínio rápido, o que leva a um executar mais imediato, no entanto haverão sempre os super dotados, que a isso tudo (prática, raciocínio rápido e experiência) acrescentam-lhe instinto. A chamada experiência acaba por ser uma antecipação do "Como" .

Volto ao início deste post, à incapacidade de certos jogadores do Porto, Sporting e já agora Benfica, tomarem regular e consecutivamente boas decisões durante o jogo. Prende-se apenas e só com o facto de “O Como” não estar bem assimilado, a segurança na execução técnica-táctica não está bem aprendida, não existe conforto (entendimento) na forma de jogo da equipa.
Exemplos?! Fernando no passado tinha Lucho na sua frente e a sua preocupação passava por chegar a dois “Comos”, como fechar a entrada de área defensivamente e como fazer chegar a bola ao organizador Lucho. Este ano ainda não consegui chegar a outros “Como” que lhe são pedidos por Jesualdo, como por exemplo, ser mais criterioso na transição defesa ataque.

João Moutinho é pelos dias de hoje um dos jogadores, como menos confiança no habitual 11 Leonino, disfarça pela sua qualidade individual, mas não sabe como deve ser o médio criativo que a equipa necessita. Como disse disfarça, mas o alcançar deste “Como” não se apresenta fácil. Mesmo assim, pela sua inteligência de jogo disfarça, chegando ao seu "Como" (não ao que a equipa precisa) utilizando a sua leitura de jogo e simplificando ao máximo as suas acções.

Di Maria é como todos sabem, um bom jogador do ponto de vista criativo, no Benfica é ele o único com autorização para dar “anarquia” ao jogo, porque lhe falta entender, de como pode pôr a sua criatividade ao serviço de um futebol ofensivo. Falta-lhe o "Como" pôr a sua criatividade ao serviço do "Como" colectivo, nunca lhe foi pedido.
Todo o processo de "Se", "Então", "O Quê", para Di Maria termina sempre num "Como" individual.
Ps: o Jogo está cada vez mais rápido e tudo isto se processa em segundos ou menos que isso. Como disse á pouco, dotados são os que por instinto chegam simultaneamente ao “Como” individual e colectivo.

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