quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Carta a Miguel Veloso


Caro Miguel, permita-me que o trate assim, muito se tem falo do interesse de vários clubes na tua aquisição. Clubes de Espanha, Inglaterra, Itália, uns com mais ambições outros nem por isso. Hoje acordei com a notícia de que o Inter de Milão, treinado pelo nosso bem conhecido José Mourinho, estaria interessado no teu empréstimo até ao fim desta época desportiva.

Miguel, pergunto-me se tu próprio te perguntas-te para que posição te queria Mourinho contratar?
Queres fazer esse raciocínio comigo Miguel?
Antes disso pego no exemplo de uma das equipas que se falou, estar possivelmente interessado na tua aquisição. A Fiorentina.
Caso fosses para Florença, poderias e terias a possibilidade de jogares, no lugar que é público, preferes jogar, no meio campo, e de preferência na frente dos defesas, fazendo dupla com Cristiano Zanetti ou Montolivo. Nunca passarias de mais um médio defensivo banal e esporadicamente poderias ser chamado á selecção nacional. Já reparas-te quem é que os Viola adquiriram quando falharam a tua contratação? O nosso conhecido, Mário Bolatti que até é parecido contigo em termos de características de médio.

No Inter, e olhando rapidamente para os médios dos Neroazzuri, Stankovic, Tiago Motta, Sneijder, Muntari, Cambiasso, Mancini e Quaresma, só para falar dos mais conhecidos, penso Miguel que terias pouca hipóteses de jogar nessa zona do terreno, enquanto que na zona lateral esquerda da defensiva apenas existe Davide Santon, como lateral de origem. Penso que Mourinho pensou em ti como opção para esse lugar, e assim oferecia-te “grátis” o bilhete no lote dos 23 para o mundial, para além de potencializar-te naquela que, julgo ser a posição, onde te deverias fixar para poder jogar nos chamados grandes do futebol mundial.

Caro Miguel na minha opinião, poderás ser um grande lateral mundial, ou um banal médio central, essa será uma opção que em termos de carreira deverás fazer, se um dia saíres de Portugal, por outras palavras, essa opção será feita dependendo do clube para onde saíres.

Ferrara e o "Deus" da Sorte....


Jogo entre Juventus e Roma. O Jogo empatado a 1-1 e o Buffon é expulso por travar um avançado da Roma quando este estava isolado. Ferrara no banco retirar do campo Del Piero e faz entrar o suplente Manninger, o público reage com assobios. Para os adeptos os deuses, os ídolos são intocáveis, para os Juventinos Del Piero é isso tudo.
Último minuto de jogo, Riise de cabeça, faz o golo que dá a vitória aos Romanos. A realização filma Del Piero, que como capitão, grita aos seus colegas, e logo de seguida Ferrara, que no meio daquela multidão, é um homem só! Percebe que o seu caminho pode estar no fim, que se existe um deus da sorte esse não quer nada consigo, e que Del Piero é o Deus da sorte em Turim.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Se”, “então”, “O Quê”, para chegar ao "Como"

No livro “Segredos do Futebol” de Rui Pacheco, existe uma passagem referida como sendo de J. Garganta, que afirma que a “decisão estratégica está relacionada com os fins de mudança (“se”…”então”), enquanto que a táctica se reporta aos meios a utilizar para tal (ao “o Quê” e ao “Como”).”

Lembro-me desta passagem quando visualizo o Sporting vs Leixões e o Porto vs Leiria e me apercebo que existem alguns jogadores do Sporting e do Porto incapazes de tomar regular e consecutivamente boas decisões. É o “Se”, “Então”, “o Quê” e o “Como”

Os jogadores ao longo de 90 minutos tem que tomar consecutivas decisões, fruto de “problemas”, “situações” que lhes são colocados, o 1º passo para a resolução das situações, começa com a questão “Se”. Se eu tenho a bola, se eu não tenho bola, se o meu colega não me dá apoio, se isto, se aquilo.

O “Então”, são as inúmeras possibilidades de resolução desse “Se”. Se o meu colega tem a bola, então devo-me desmarcar, então devo-lhe dar apoio.

A selecção dessas inúmeras opções, leva o jogador para outra questão, o “O Quê”, é o momento prévio à execução. “O Quê” tem de ser posto sempre em dois sentidos, o que é que é melhor para a equipa, o que é que é melhor para mim, o momento em que maior parte das vezes, a decisão está tomada, e em que o jogador, pensa no que é melhor fazer naquela situação.

O “Como” é apenas e só a resposta mecânica á situação / problema, tendo como base a execução técnica- táctica. Como posso ultrapassar este adversário, como posso travar este adversário, como posso criar uma situação de desequilíbrio defensivo, como devo ocupar o meu espaço, etc etc.

A prática (no caso dos mais jovens), a experiência, leva a que este processo passe a ser cada vez mais rápido, pelo que pode ser chamado raciocínio rápido, o que leva a um executar mais imediato, no entanto haverão sempre os super dotados, que a isso tudo (prática, raciocínio rápido e experiência) acrescentam-lhe instinto. A chamada experiência acaba por ser uma antecipação do "Como" .

Volto ao início deste post, à incapacidade de certos jogadores do Porto, Sporting e já agora Benfica, tomarem regular e consecutivamente boas decisões durante o jogo. Prende-se apenas e só com o facto de “O Como” não estar bem assimilado, a segurança na execução técnica-táctica não está bem aprendida, não existe conforto (entendimento) na forma de jogo da equipa.
Exemplos?! Fernando no passado tinha Lucho na sua frente e a sua preocupação passava por chegar a dois “Comos”, como fechar a entrada de área defensivamente e como fazer chegar a bola ao organizador Lucho. Este ano ainda não consegui chegar a outros “Como” que lhe são pedidos por Jesualdo, como por exemplo, ser mais criterioso na transição defesa ataque.

João Moutinho é pelos dias de hoje um dos jogadores, como menos confiança no habitual 11 Leonino, disfarça pela sua qualidade individual, mas não sabe como deve ser o médio criativo que a equipa necessita. Como disse disfarça, mas o alcançar deste “Como” não se apresenta fácil. Mesmo assim, pela sua inteligência de jogo disfarça, chegando ao seu "Como" (não ao que a equipa precisa) utilizando a sua leitura de jogo e simplificando ao máximo as suas acções.

Di Maria é como todos sabem, um bom jogador do ponto de vista criativo, no Benfica é ele o único com autorização para dar “anarquia” ao jogo, porque lhe falta entender, de como pode pôr a sua criatividade ao serviço de um futebol ofensivo. Falta-lhe o "Como" pôr a sua criatividade ao serviço do "Como" colectivo, nunca lhe foi pedido.
Todo o processo de "Se", "Então", "O Quê", para Di Maria termina sempre num "Como" individual.
Ps: o Jogo está cada vez mais rápido e tudo isto se processa em segundos ou menos que isso. Como disse á pouco, dotados são os que por instinto chegam simultaneamente ao “Como” individual e colectivo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Quando não podes mudar...evolui!

A mudança ou evolução são processos que levam o seu tempo, tem de se estruturados, desde a identificação dos pormenores menos positivos ou necessidades, á aplicação na pratica dessa mesma mudança ou evolução.

È este o pensamento que me ocorre, ao ver o actual Sporting. Não me parece ainda uma equipa sólida, mas pode para lá caminhar, porque se encontrava em mudança e em evolução, e se um desses processos já é complicado, ambos em simultâneo, duplica a complexidade da tarefa.

Carvalhal, chegou, mudou para estancar, baralhou, testou e rapidamente voltou ao ponto de partida, ou seja percebeu que com o actual plantel seria difícil mudar e evoluir ao mesmo tempo, assim, voltou ao esquema táctico para o qual este plantel foi construído, o 4*4*2 losango, deixando de lado a mudança, mas não desistiu da evolução, assim sentiu a necessidade de dar ao sistema táctico e a filosofia de jogo (mais ao sistema que á filosofia), uma nova e maior dinâmica.
O nome e o rosto dessa nova e maior dinâmica, é só um João Pereira.
Dois jogos chegaram para provar que é reforço, e com o seu jogo feito de nervo, irreverência (mais contida actualmente do que nos tempos de Benfica), contagiou alguns dos seus colegas. Apesar de colocado na lateral direita em dois jogos foi dos jogadores do Sporting que mais teve a bola nos pés, sinonimo que a nova dinâmica do futebol do Sporting passa por laterais que consigam dar profundidade ofensiva. Se á direita o assunto está mais que arrumado (Abel ou Pedro Silva terão que partir), á esquerda, o único lateral que vejo para conseguir fazer um trabalho semelhante é….Miguel Veloso, desculpem-me a insistência, mas do actual plantel leonino só Veloso consegue dar o equilíbrio necessário a atacar e a defender.

Na nova dinâmica entra também Adrien Silva, que no campo “limita-se”, a ficar o mais quieto possível, para ser apoio na circulação de bola de um corredor para o outro, e a fazer compensações aos laterais.

Um dos responsáveis por Carvalhal ter voltado ao losango é Saleiro, teve a oportunidade, correspondeu, e fez Carvalhal pensar que de futuro podia ser uma boa dupla com Liedson. Se bem que Saleiro sabe que quando Liedson e Sinama Pongolle voltarem das lesões, terão direito a serem testados juntos.

Se João Pereira, Saleiro e Adrien são os rostos positivos da evolução Leonina
Matias Fernandez e Polga, serão os rostos da mudança, o Chileno passa agora mais tempo no banco, e o até agora titular, fosse em que condição fosse Polga, faz-lhe companhia, e acredito que no inicio do próximo ano, já não se treine em Alcochete.

Ainda há muito trabalho para fazer por Carvalhal e a sua equipa, principalmente na segurança e dinâmica com que as acções colectivas são efectuadas, mas já começam a mostrar uma imagem mais atraente do que até á bem pouco tempo atrás.
Ps: Carvalhal tem também Izmailov, pelo qual tanto Bento suspirou, com ele em campo, há outro Sporting, para melhor.

A inadaptação do Benfica (Aimar) e do Barcelona em sair do seu estilo.

O Benfica da época 2009/10 é como se sabe uma equipa que gosta de sair de trás a jogar, pelos corredores lateiras do campo em velocidade, com trocas rápidas de bola.
O Barcelona é como se sabe uma equipa de posse e circulação, á procura do momento certo para atacar a baliza.

Aimar é um “menino” que não sabe chutar a bola para a frente e correr atrás dela, gosta de receber, tocar, tocar, desmarcar, voltar a receber, tocar, driblar, lançar com objectivo, não chutar e correr atrás.
Colocar Aimar, no campo, nas condições em que o relvado do Dom Afonso Henriques, se apresentou ontem, pareceu-me logo uma “ insensatez”. Jesus quis dar ritmo a Aimar, mas acabou por apenas e só o enervar, Aimar corria, lutava, tentava, mas era impossível, praticar o seu futebol. Enervou-se, nunca foi o organizador que tem sido nesta época, a quase acaba expulso.
Apesar das condições do relvado, Jesus achou por bem, não abdicar de início, dos principio que tem regido o futebol encarnado, e com isso deu mais de 45 minutos ao Vimaranenses, que com todo o mérito foram quase sempre mais equipa.

Ao intervalo, Jesus deu a mão a palmatória e percebeu que precisava de peso no meio campo, e de um futebol mais directo, Entraram Javi Garcia (peso) e Cardozo, altura e referencia no pontapé longo, para queimar metros na progressão no terreno enlameado de jogo. Equilibrou, sofreu um golo, podia ter sofrido o 2º, podia ter empatado mais cedo, e acabou mesmo por empatar.
Os de Lisboa demoram 60 minutos a sair do seu estilo de jogo, demoraram todo esse tempo, para se adaptarem á inadaptação de não poderem fazer o seu jogo.

Ao mesmo tempo que vejo a 2ª parte do Benfica, observo o Sevilla Barcelona, 2ª mão da Taça do Rei, que se iniciava com vantagem para os Sevilhanos por 2-1.
Início de jogo forte dos homens de Sevilha, muita pressão no meio campo do Barça e com bola, procuravam mantê-la o máximo de tempo possível, retirando assim o máximo de posse de bola ao Barcelona.
O Barcelona sem o seu DNA de jogo, posse de bola, não conseguia sequer fazer cócegas.
Em campo, mais uma vez, Jesus Navas encantava-me com as suas arrancadas, com o seu estilo esguio, atrevido, dinamitando todo o corredor direito Sevilhano, deixando Abidal com a cabeça em água.

O Barcelona, mesmo tendo que marcar dois golos para passar a eliminatória, mesmo se vendo posto em sentido pelo futebol ofensivo do Sevilha, calma e tranquilamente procurava o seu jogo, procurava melhorar a sua posse de bola.
Demoraram cerca de 60 minutos a faze-lo, mas nunca mas mesmo nunca, deram um chutam para o ar, sem nexo, nunca procuraram desesperadamente a baliza, nunca esqueceram a sua filosofia de jogo.
Após o golo de Xavi, lá continuou, a mesma paciência em busca do golo, a mesma posse e circulação, e as oportunidades de golo desperdiçadas em serie.
Mesmo no minuto 89, não caem na tentação de fazer futebol directo e colocarem a bola dentro da área do Sevilha, não estão adaptados para isso.
Palop salvou o Sevilha, e os Andaluzes eliminaram o Barça, com mérito, claro, porque é necessário mérito para o fazer.

No fim do jogo lembro-me novamente de Aimar, e de como ele teria sido muita mais feliz a jogar no relvado do Sánches Pizjuán, a jogar de bluegrena, a jogar numa equipa que tem a mesma filosofia de jogo, que o Benfica não pode ter ontem em Guimarães.
Aimar nos 45 minutos que esteve em campo nunca se adaptou, ao que tinha que ser feito sobre aquele terreno de jogo, mas certamente que em 5 minutos se adaptaria á posse e circulação de bola de Xavi, Iniesta e Messi.


Ps: No 4º minuto dos descontos de 2ª parte Pique, dá “finalmente” um chutam em busca da sorte, para a área do Sevilha, claro que dai nada resultou para o Barcelona, não esta no seu DNA.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

o meu 11 de 2009

Final de 2009, altura de falar dos 11, que mais me impressionaram durante este ano

Para a baliza, escolho Júlio César, Guarda redes do Inter e da selecção Brasileira, se na selecção tem uma defesa que lhe dá alguma tranquilidade, no clube é ele que muitas vezes resolve os problemas que a sua própria defensiva lhe coloca, sendo um dos grandes responsáveis por Mourinho ter ganho um “Scudetto”.

Para lateral direita Maicon, também ele lateral do Inter e da selecção Brasileira, Maicon sempre seguro a defender é no entanto nas acções ofensivas que se destaca, chegando a confundir-se com um extremo.

Na Lateral Esquerda o Francês Evra, depois de alguma inconstância, nas ultimas duas épocas no Man United confirma-se como lateral de nível mundial.

Para centrais escolho uma dupla Espanhola e do Barcelona, Puyol, que personifica o espírito catalão, e pode jogar em qualquer lugar da defensiva, e para o seu lado, aquele que para mim foi o jogador que mais evolui, Gerard Pique, que ao longo de 2009 tornou-se uma das figuras dos Barcelonistas. Rápido, com bom jogo aéreo e muita qualidade técnica a nível do passe.

Para o meio campo escolho 3 jogadores. Os 2 primeiros, são os “gémeos” da Catalunha Xavi e Iniesta, e certamente não preciso de explicar o porque de aqui constarem, os 6 títulos no ano do Barcelona tem a sua marca. Para completar o trio de meio campo, Kaká. Não foi certamente o melhor ano do Brasileiro, mas mesmo num ano menos bom, esteve no melhor Milan e mudou-se para Madrid.

Na frente de ataque, não existem também grande duvidas, nem grandes explicações, Cristiano Ronaldo á direita, Ibrahimovic ao centro, pela importância no titulo interno do Inter, e á esquerda aquele que foi coroado recentemente como melhor do mundo, Messi.

Para treinar este onze de luxo, aquele que sem duvidas foi o melhor treinador no ano de 2009 Guardiola, ninguém ganha o que ele ganhou apenas e só por ter bons jogadores.

Ps: De fora ficam Fabregas (o que jogou em 2009), Yoann Gourcuff, Adebayor, Drogba, Pato, Daniel Alves, Eto´o, Arshavin (grandes momentos de futebol), Rooney e Lampard