terça-feira, 21 de agosto de 2007

El rei dom “Camachão”



Valdano, nas suas habituais e famosas rubricas para o jornal “A marca”, diário desportivo Madrilista, conta que nos seus tempos de jogador do Real Madrid, quando habitualmente perdiam as primeiras mãos das eliminatórias das Taça dos Campeões Europeus, UEFA ou Taças das Taças, conta Valdano que existia um defesa Lateral baixinho, que antes de entrarem para o campo chateava um a um todos os seus colegas, dizendo-lhe que não podiam perder a eliminatória e que tinham que ir para cima dos adversários, e que tinham que provar que eram melhores, e isto continuava dentro de campo até o Real virar eliminatórias que por vezes começava a perder por 3-0, Valdano diz ainda que em certos jogos das segundas mãos, só para não ouvir aquele baixinho aos 15, 20 minutos de jogo, já tinham a eliminatória virada. Esse lateral baixinho dava pelo nome de José António Camacho.

Camacho tinha chegado á poucos dias ao Benfica, e antes de um dos primeiros treinos, falava aos seus jogadores dentro do balneário, Luis Filipe Viera, entrou pelo mesmo a dentro sem antes perguntar se o podia fazer, Camacho, pediu para ele se retirar que ali, era o balneário da equipa de futebol, e que ali entrava o pessoal que era estritamente necessário, e que se ele Luis Filipe Viera, Presidente do clube, queria falar aos jogadores teria que esperar e avisar antes das suas intenções.

Estes duas pequenas histórias, uma contada em livro, outra contada pelos corredores do futebol encarnado, mostram um pouco o que é José António Camacho como pessoa e profissional, o que foi como jogador e o que transportou para o trabalho de treinador.
Quem não se recorda, da famosa camisa azul bebé que compunha o fato da selecção espanhola no mundial da Correia Japão, ficar Azul escura, pois Camacho, parecia que também jogava com os seus jogadores, de tanto que puxava, alertava, incentivava, gesticulava, gritava.

È este o homem que passou pelo Benfica, e deixou marcas, porque de uma equipa banal, fez um grupo unido, sólido e capaz de acreditar nas suas capacidades, se não tinha reforços, agarrava nos jovens (Manuel Fernandes, João Pereira, Luisão, Tiago, Moreira, Miguel) e deva-lhes assas, na tragédia (Fehér), foi o primeiro a cair, mas também o primeiro a se levantar e disser aos jogadores que tinham que ganhar por ele, e continuar por ele, e que estivesse onde estivesse iria também ele ser um vencedor, não foi campeão porque existia nesse ano um senhor chamado José Mourinho e um Super Porto, mas ganhou um troféu, a foi-se, porque tinha encontro marcado com o grande amor da sua vida, o Real Madrid.

Que ganhará o Benfica com a volta deste homem? O que ganhou da outra vez, fora do campo um líder que defenderá os seus jogadores e dará o corpo as balas por eles, mas eles terão que fazer o mesmo dentro do campo, dar o corpo as balas pelo Benfica, no fundo o que ele fez enquanto jogador. Dentro do campo mesmo nem sempre jogando bem, vai voltar a ser uma equipa com mais “nervo”, com mais garra, com mais querer, vai certamente abandonar o famoso losango, e voltar a explanar-se com Alas / extremos, jogando com um ou dois avançados.
Tacticamente nem sempre é perfeito, mas isso não há nenhum treinador que o seja, mas uma coisa será certa, bater o Benfica, sem que este discuta o resultado, com Camacho é difícil.

Camacho pode não ter o mesmo sucesso que teve na primeira passagem como treinador do Benfica, nem sempre as coisas correm como idealizamos (que o diga Fernando Santos), mas ninguém põe e poderá pôr em causa que é um treinador, com as características necessárias para treinar o Benfica, competência, liderança, personalidade, é aliás o primeiro que eu me lembre que volta ao clube sem ter sido campeão na primeira passagem, e volta quase por pedido dos sócios.
No futebol moderno, as poucas provas de fidelidade, são dados por homens como Camacho, no meio disto tudo, toda a gente se esquece que o sucesso no futebol dependerá sempre do facto de a bola entrar ou não…….