quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Relembrar as origens:







Na 3ª feira ouvi muito por alto as palavras de Luís Filipe Scolari, sobre o jogo que a nossa selecção ia disputar no dia seguinte contra a sua congénere da Arménia, e de tudo o que Scolari disse, apenas me despertou mais atenção quando ele se referiu ás más condições do relvado onde se iria disputar o jogo, ele acabou a conferencia dizendo “é o que tem, é onde nós teremos que jogar”.
Não vou aqui discutir se a selecção jogou bem ou mal, porque sinceramente não vi o jogo, por falta de vontade, sim é verdade, perdi a vontade de ver o jogo porque senti, que havia muitos jogadores com pouca vontade de o jogarem, não vou aqui discutir se Scolari deveria ter convocado este ou aquele, ou jogado com este ou aquele, ou com 1 ou 2 pontas de lança. Quero apenas com este texto que o nosso seleccionador e jogadores nunca irão ler, relembrar-lhes das primeiras vezes que jogaram futebol, ou relembrar-lhes o gozo que tinham em jogarem futebol antes de serem os senhores ricos e famosos que são agora.
Quando eles eram jovens, crianças, não importava se o alcatrão era duro, se o piso era duro, se a areia era grossa ou fina, se levantava pó, se o terreno era liso, interessava era jogar, correr, saltar atrás de bola, chegar primeiro que o adversário, fintar o adversário, mesmo que o chão estivesse todo revolto, ás vezes impraticável. Depois foi o ir jogar para o primeiro clube federado, e como quase todos os jogadores da selecção andam mais ou menos á volta da minha idade, de certeza, que quando começaram, jogaram em pelados, duros, secos, mal tratados, por vezes iguais a campos de batatas, mas mais uma vez, o que importava era ganhar, correr mais, saltar mais, chegar primeiro, marcar mais golos, não se lembravam da palavra forma, estavam sempre em forma, mesmo que doe-se qualquer coisa, a ambição de ganhar era maior que isso tudo. E de certeza que foi por fazerem isso tudo melhor que os outros é que chegaram a onde chegaram, e são aquilo que são hoje, representantes de um país, mais uma vez, volto aqui a referir que não importa a minha opinião pessoal sobre a qualidade de certos e determinados jogadores, a realidade é esta, são os representantes a nível futebolístico de um nação, foram os escolhidos para tal.

Isto tudo apenas e só para dizer que, da próxima vez, quando se perspectivar que vão jogar num relvado supostamente em más condições, antes de se queixarem do relvado, lembrem-se dos tempos que ainda não eram ninguém no futebol, e jogaram em campos muito piores, sem as mínimas condições, relembrem as vossas origens, relembrem-se que naquele tempo nem relvado, nem forma física contava, o que contava era a vontade de ganhar, o de querer correr mais, lutar mais, o bater o adversário, mesmo que ele ás vezes fosse melhor. Não foi isso que a Arménia fez ontem senhor Scolari? Eles não precisaram de voltar ás origens, eles ainda estão nas origens. Não percebo porque é que ficou admirado de os ver correr tanto, os nossos rapazes, antes de serem famosos, também faziam o mesmo. Em certos jogos, a vitoria antes de passar pela qualidade individual, pela qualidade técnica, pela qualidade do colectivo, passa pelo regresso ás origens, quando não importava o piso, ou as condições em que ele estava, mas sim a vontade de vencer.