sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

“Quem se emocionar com as táticas que levante a mão”.

Um dia numa das minhas pesquisas na net (julgo eu que procurava frases de Jorge Valdano), deparei-me com esta pergunta que dá titulo ao post. “Quem se emocionar com as tácticas que levante a mão”.
Poucos o fariam, poucos levantariam a mão, poucos o fariam, respondendo afirmativamente a esta pergunta.

Numa altura em que se fala cada vez mais, em organização de jogo, modelos de jogo, filosofias de jogo, não se poderia resumir tudo á velha palavra, táctica.
Mas será a táctica a base das equipas, ou os jogadores que a compõe? A velha questão do treinador, que transporta a sua táctica de equipa para equipa ou o que muda de táctica conforme os jogadores que compõe o seu plantel.

Voltando á questão base deste texto, pergunto-me agora se o jogo, não estará agora dividido em dois. O jogo de futebol normal, para o “velho adepto” que não se “emociona” ou pouco valor dá ao aspecto táctico do mesmo, que quer ver é golos, dribles, ataque vs ataque, e um outro jogo, parecido com o xadrez onde as peças tem movimentos próprios, previamente antecipados pelo “Jogador” (leia-se treinador). Esses (treinadores) são os poucos que terão que obrigatoriamente levantar a mão, visto que mesmo durante os 90 minutos mínimos, em que decorre uma partida, terão que dar igual atenção, ao avançado que tacticamente cumpre o que se lhe pede, mas não o desiquilibra, e ao avançado que sem cumprir tacticamente resolve em termos numéricos o jogo, desequilibrando-o tacticamente a seu favor ou contra si, por não cumprir tacticamente. São os treinadores que cada vez menos desfrutam do jogo, porque constantemente, enquanto ele decorre, tem que decifrar enigmas adversários para, logo ajustar as suas peças, na livre movimentação pelo tabuleiro de jogo. Aqueles que apenas buscam divertimento no jogo, são incapazes de entender, o porquê do jogo estar cada vez mais táctico. As pessoas mais antigas, essas então não percebem o porquê desses monstros tácticos em que se tornaram os treinadores, terem matado o 10, aquele jogador ao qual lhe era dada liberdade para fintar, praticamente só atacar e que eram os ídolos do povo, aqueles que arrancavam dribles estonteantes, faziam golos divinais ou mágicas assistências. O 10 foi transformado em médio centro capaz de ter de jogar de área a área, em extremos, ou avançados, por aqueles que se emocionam com as tácticas. Existem raras excepções, que sobrevivem em equipas, tacticamente pensadas para a sua sobrevivência.

Peguei no 10 como exemplo, porque podia ter pegado no 9, e na pouco compreensão deles, actualmente terem de ser os primeiros defesas de qualquer equipa, ainda recentemente Xavi, após os primeiros jogos de Ibrahimović no Barcelona, ter afirmado mais ou menos por estas palavras, que o Sueco teria que se adaptar á forma de jogar de defender da equipa, isto porque esta estava habituada a que Eto´o fosse o primeiro a fazer pressão.
Fala-se hoje muito, que a equipa deve estar posicionada para a perda de bola! Então se o objectivo do jogo é marcar golos, terão os jogadores que estar a pensar em defender quando a posse do que domina o jogo, está nos seus pés? Terão os jogadores que se desmarcar para tentar receber um passe, pensado na possível perda de bola?
Tudo isso é complicado, tudo isto torna o jogo cada vez mais complicado, de ver, perceber, ensinar e jogar
Será o jogo actualmente a busca constante de desequilibrar o adversário com a técnica e criatividade para o equilibrar ou estancar com a táctica.

Que o povo não se emociona com a táctica é certo, mas que até os jogadores, que deveriam ser os últimos guardiões, do futebol “anárquico” (chamemos-lhe assim), se converteram á táctica….muito certamente de forma imposta, mesmo não se emocionando com ela, mas a conversão esta feita.

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