sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Posições contra natura

Nem sempre acontece, mas normalmente, uma equipa é o reflexo do seu treinador, daquele que pensa o seu modelo e a sua filosofia de jogo. Treinadores emotivos, equipas aguerridas, treinadores mais serenos, equipas mais pausadas, com um futebol mais pensado. O ideal é encontrar um treinador com estas características, entre outras é claro.
Vejo com atenção a final da super taça Europeia, entre o Inter de Milão, agora de Rafa Benitez e o Atlético de Madrid de Quique Flores. Jogo feio, com equipas mais a pensar em estar bem posicionada nos momentos em que perdiam a bola, a arriscarem pouco. O jogo realmente começou quando, o nosso conhecido Reyes, inventou aos 62 minutos o primeiro golo “Colchonero”.



Pouco tempo depois, Quique tirou Reyes e lançou Fran Merida, médio centro de 20 anos, iniciado na formação no Barcelona, mas cedo levado para o Arsenal. Pensei que Quique o colocaria a médio centro, para ter alguém que guarda-se mais a bola e gerir-se mais o jogo, procurando não perder a bola e assim fazer a gestão do jogo com bola. Enganei-me Merida entrou para médio / extremo direito, para um lugar contra natura tendo em conta a forma como o Atlético jogo e as suas características pessoais.
Rafa Bentiez, depois de ter dado um tiro nos pés logo na forma como pensou o jogo, aniquilou a sua própria equipa até ao 68 minutos, altura em que tirou (finalmente) Dejan Stanković, e colocou Goran Pandev, mas é aos 78minutos que entra Philippe Coutinho.



Coutinho, médio centro Brasileiro, criado nas escolas do Vasco da Gama. Jogador criativo, muito forte nos espaços curtos, com muita qualidade técnica com uma enorme visão de jogo, pena que Benitez tenha retirado do campo Wesley Sneijder. Benitez não percebeu que precisava dos 3 (Sneijder, Coutinho e Pandev) em campo simultaneamente para poder abrir a forma de defender do Atletico. Para além de ter retirado Sneijder, colocou o Brasileiro encostado á esquerda, como extremo, lugar contra natura para este menino. Na única vez que apareceu no seu lugar natural, fez um passe de rotura para Maicon deixar Milito de frente para a baliza, resultado, penalty para o Inter.

Serve esta breve discrição , do jogo e das substituições efectuadas, para me questionar, do porquê dos treinadores colocarem jogadores como Merida e Coutinho (como exemplos) em lugares que não são os seus. Estes dois meninos pela qualidade técnica e criatividade que têm, pela visão de jogo e a forma como o lêem, tem que jogar na zona onde ele se decide, zona central. Para o pensar (Merida) para o desiquilibrarem (Coutinho). O Atlético defendeu bem, mas com bola, faltou sempre quem o pensa-se, lhe marca-se o ritmo, lhe dê-se critério. No Inter a marcação zonal a Wesley Sneijder, deixou-o sem espaço para conseguir desiquilibrar, faltou-lhe quem divide-se consigo essa responsabilidade, quem o ajuda-se a criar desiquilibrios para servir os avançados.

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