segunda-feira, 26 de março de 2007

A tradição ainda é o que era....??

Pela primeira vez desde que chegou a seleccionador brasileiro, Dunga pode contar na mesma convocatória com Ronaldinho, Kaka e Robinho.
Havia umas certas dúvidas se ele os iria por aos 3 a jogar de inicio, e se sim, como iria por a equipa tacticamente. Dunga tinha que ganhar este jogo, vinha de um particular contra Portugal em que tinha sido derrotado e a não vitoria contra um modesto Chile, ia-lhe levantar problemas de credibilidade.

Com a corda a ser-lhe enrolada no pescoço, Dunga pôs aquele que provavelmente será o melhor onze brasileiro do momento, ou andará muito próximo disso.
Júlio César (guarda – redes), Daniel Alves, Ruan, Lúcio, Gilberto (defesas) Gilberto Silva, Elano, Kaka, Ronaldinho e Robinho (médios) Fred (ponta de lança). De fora estão Cicinho, lateral do Real Madrid que está lesionado e Helton, guarda – redes do Porto, talvez os dois que terão entrada neste onze.

Desde 82 que vejo a “Canarinha” jogar, mundiais, copa América e particulares, não me lembro de não os ver jogar com dois avançados, dois homens próximos da área, dois finalizadores. E se o Brasil os teve, assim de repente vêm á cabeça Careca, Muller, Romário, Bebeto, Rivaldo e Ronaldo, talvez os expoentes máximos dos últimos 25 anos e que formaram duplas terríveis.
Foi estranho no passado Sábado, ver o Brasil só com um ponta de lança, com um chamado matador, e mais estranho ainda foi ter ganho 4-0, e nenhum dos golos ter sido marcado por esse jogador (Fred).





Basta olhar para a equipa apresentada e perceber que nas costas de Fred, jogaram 3 Jogadores como Ronaldinho, Kaka e Robinho, 3 jogadores de qualidade mundial, que criam jogo, que inventam espaços, que desequilibram qualquer defesa. Para caberem os 3 na mesma equipa e dada as características dos 3, é mesmo melhor jogar com 1 ponta de lança, já que alguém tem que defender. É para isso que jogam Gilberto Silva e Elano, para garantirem os equilíbrios da equipa, e garantirem a circulação da bola de um flanco para o outro, sendo as referencias de passe em caso de necessidade, a isto tudo junta-se o facto de o Brasil ter jogado com 2 laterais que mais parecem extremos Daniel Alves e Gilberto. Mais Daniel Alves, também porque Kaka não tem características de linha, como Robinho têm, Kaka não se sente tão confortável como Robinho se sente quando joga junto á linha. Assim sendo Kaka dá a linha ao lateral para subir, procurando ele zonas mais centrais para aparecer a finalizar e Robinho joga mais com o apoio do lateral, sendo esse mesmo lateral que aparece mais vezes junto á linha de fundo para cruzar, enquanto o próprio Robinho também aparece nas zonas de finalização.
Ou seja, criando a ilusão de atacar com menos e só tendo um ponta de lança, quando em zona de finalização e em altura de finalização, surgem quatro atiradres furtivos, prontos a atirar ao golo (Fred, Ronaldinho, Kaka e Robinho).

O Portugal – Brasil, poderá ter deixado marcas irreversíveis no futebol da selecção brasileira, não é todos os dias que se vê uma selecção como o Brasil, abdicar de 1 modelo de jogo implementado á décadas.
Dunga dará a resposta nos próximos jogos, ou rompe com a tradição e soltas os génios em campo, ou mantém os dois pontas de lança e a história do futebol brasileiro.