quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Porto, fazer reminiscência de uma equipa!

Muito se tem falado e discutido a actual crise colectiva e individual Portista, vários são os factores apontados, as saídas, as entradas, o esquema, a qualidade, tudo tem sido minuciosamente visto e revisto á procura da verdadeira razão para a anormal irregularidade azul e branca!

Passado recente
O Porto da época passada assentava o seu jogo num 4*3*3, esquema preferido do deu treinador, Helton na baliza, defesa a quatro com Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel e Fucile, meio campo com Assunção um duplo Pivot á frente deste composto por Meireles e Lucho, na frente Lisandro no meio, Tarik ( Lisandro) e Quaresma.

Bosingwa faz(ia) da sua facilidade de queimar linhas na construção, com as suas subidas pelo corredor direito, uma das suas virtudes, compensadas pela oscilação de Assunção e permitindo ao extremo do seu lado aparecer muitas vezes na zona de finalização, Não é de estranha que Lizandro tendo começado a jogar junto á linha direita, começa-se a marcar golos, o que significou numa outra fase a sua passagem para ponta de lança, abrindo espaço para a entrada de Tarik, que em determinada altura da época também ele fez muitas vezes o gosto ao pé. Do lado contrario a presença de Quaresma, avesso a tarefas defensivas, obrigava a presença de um lateral menos ofensivo, Fucile cumpriu essa missão apesar de origem ser lateral direito. Quaresma é um predestinado, e encaixou na perfeição nesta forma de jogar do Porto, tendo de um lado um desequilibrador partindo de trás (Bosingwa) e do outro ele próprio que era a 1º referencia da equipa quando em ataque rápido, toda a equipa sabia que ele era a 1ª opção de passe, quando recuperada a bola, para um possível ataque rápido á baliza adversária. Era esquematizado e propositado. No meio campo Assunção era o homem sombra e conferia os equilíbrios defensivos, e sendo a linha de passe para a saída de transição em posse de bola e da circulação da mesma, sempre apoiando os dosi médios que jogavam á sua frente, Lucho e Meireles. O Argentino comandava o ritmo da equipa, com uma facilidade tremenda de jogar entre linhas, de tabelar e aparecer a finalizar, Meireles o homem das segundas bolas, o que lhe valeu muitos e bons golos de remates de fora da área. Era assim o Porto 2007/08 e quase não tinha segredos, mesmo para os adversários, mas que raramente internamente conseguiam contrariar essas rotinas, feitas quase de olhos fechados.


O 1º grande problema de Jesualdo na planificação desta época, acontece precisamente no ultimo jogo da época transacta, na final da taça de Portugal, com a não convocação de Bosingwa, o lateral não jogou e disso se ressentiu a equipa e as suas rotinas. Era certo e sabido que Bosingwa iria para Londres, era quase certo que Quaresma não ficaria, precisamente os dois desequilibradores das alas.

Sapunaru foi o escolhido para substituir o lateral, mas não tem as mesma características, se por um lado até é regular defensivamente, ofensivamente não dá a mesma profundidade , precisando muito mais do apoio de quem joga a sua frente para conseguir desequilibrar pelo seu correrdor.

A novela Quaresma arrastou-se até depois da 1º jornada de campeonato, mas era certo que os 250 mil euros mensais que Moratti lhe oferecia, muito lhe seduziam.
Entretando Cristian Rodriguez, o médio / extremo esquerdo que encantou na luz, foi resgatado ao rival, na perspectiva de substituir o “Cigano”. No entanto são jogaores com características muito diferentes, com dinâmicas muito diferentes. Rodriguez não é um extremo, é um ala ou médio interior que gosta de partir de posições mais recuadas, com a bola nos pés, ou em tabelas com outros médios ou avançados, gosta de interferir na organização do jogo ofensivo da equipa, gosta caso seja necessário também ele assumir os ritmos da mesma. Cristian nunca será um apoio ao ponta de lança, como o Jesualdo o tem colocado, neste esquema de 4*4*2 com que tem abordado os jogos teoricamente mais difíceis fora de casa (Luz, Alvalade, Emiretes), já o escrevi, Jesualdo não tem sabido tirar partido das características do Uruguaio.

A Sad Portista não soube ou não consegui antever a saída da Assunção ao abrigo de uma lei futebolística. Muitos foram os jogadores que chegaram com a perspectiva de substituírem o Brasileiro, mas nenhum com uma característica essencial, que o antigo médio Portista tinha, a capacidade de se sacrificar e ao seu jogo, em prol dos interesses das equipa, raramente Assunção se chegava perto da área. Guarin, Bolatti, Tomás Costa, Pelé. Ainda Assim o mais parecido será mesmo Fernando, mas não com a maturidade do seu antecessor.

Jesualdo entre a duvida do 4*3*3 ou do 4*4*2, percebe que não tem uma equipa consolidada, percebe que lhe faltam dinâmicas lhe faltam rotinas.
Quanto a mim, e esta é apenas uma opinião pessoal de um treinador de bancada, penso que o 1º passo será voltar atrás e fazer a equipa recordar as suas dinâmicas passadas. Como? Em 1º lugar fixando como ponto de partida o 4*3*3 em todo e qualquer campo, como ponto de partida. Devolver a baliza a Helton (apesar de Nuno ser bom Guarda redes), penso que Helton voltará mais forte deste período de bancada, defesa a 4 com Fucile á direita e Benitez á esquerda, dois laterais equlibrados, põe-se o problema das alturas, mas futebol não é basketball! Meio campo com Meireles á frente dos centrais (Rolando e Bruno Alves), tem qualidade de passe, para uma 1º fase de transição e de construção, e dá garantias de uma boa circulação de bola, é certo que pouco ou nada se poderia aproveitar a sua capacidade de ganhar a bola em zonas subidas, e de finalizar de fora da área, mas para mim é o jogador Portista, com mais e melhores características para ali jogar.
A sua frente um duplo pivot, Lucho (claro) e…..Cristian Rodriguez! Sobre lucho não há muito a dizer, é culto e inteligente para saber adoptar-se quer ao jogo quer os colegas que consigo jogam. Cristian ganharia outra dimensão partindo de uma zona central para em trocas posicionais com o extremo esquerdo, dar largura e profundidade ao jogo, com o seu futebol feito de velocidade com bola no pé, poderia assim também queimar fases de transição com pequenas acelerações e tabelas (recepção – passe - desmarcação), e assim Jesualdo não perderia agressividade no meio campo, porque o 10 não se esconde das tarefas defensivas, e além disso tem também ele uma capacidade de remate tão bom com a de Meireles. Do lado esquerdo do ataque colocaria …..Candeias! Estranho? Para mim não, Velocidade, irreverência, técnica, capacidade de agitar os flancos, e bem orientado pelos mais experientes poderia facilmente explodir para uma boa época! Do lado contrario, devolveria numa 1º fase a ala a Lisandro, e colocaria na frente Farias, ponta de lança puro, Hulk não tem sentido colectivo, e ainda não percebeu que se jogar mais com a equipa pode finalizar mais vezes e em melhores condições. Tarik também poderia ser opção para a ala direita, passando Lisandro para o centro.

Ou seja Jesualdo terá que fazer a reminiscência de uma equipa, para depois com tempo com calma preparar a mudança, tempo e calma que não abundaram na pré época no Dragão.


Ps. Não falei em Tomás Costa, mas é um jogador que na minha opinião poderia encaixar também ele no trio do meio campo, em alternativa a qualquer dos três, não tem a técnica de Rodriguez ou a visão de jogo de Lucho, mas tem qualidade num dos princípios importantes, Recepção e passe! Veijo-o num outro registo como um Rubem Amorim do Porto, tem o seu lugar preferido no campo, mas faz com muita facilidade, qualquer outro lugar do meio campo, não são brilhantes, mas são jogadores que qualquer treinador gosta de ter!

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