quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Memórias - O Homem do gelo




Liga dos Campeões, 11-12-1991 estádio da luz, onde o Benfica jogava contra o Barcelona, com a sua mega equipa com Bakero, Koeman, Laudrup, Guardiola, Stoitxkov, a meio campo um jogador do Benfica, de média estatura (1,82, 79 km) recebe a bola próximo da sua grande área, e vê virem em sua direcção 3 Jogadores, que o rodeiam, com toda a calma do mundo pica a bola por cima de um deles e sai a jogar, como se nada fosse. Era assim Vasiliy Kulkov, o mundo podia estar a desabar dentro do campo, mas parecia que não era nada com ele!
Lembro-me de chegada deste jogador ao futebol nacional, por um episódio na minha vida, um amigo já falecido (mas não esquecido) escreveu uma enorme faixa a dizer “bem vindos” em Russo! Isto Porque Kulkov chegou acompanhado de um outro russo de seu nome Sergei Yuran, e mais tarde Mostovoi!

Kulkov chegou a Portugal como um jogador que poderia jogar a lateral direito ou a trinco, sinceramente pela sua velocidade, a posição de lateral não era a mais adequada, mas ele compensava pelo sentido posicional. Sentido posicional que mais se notava quando jogava á frente dos centrais. Tacticamente culto, tecnicamente evoluído, sempre da cabeça levantada, alimentava os médios mais criativos que jogavam á sua frente, com ele em campo, sabiam que a bola ia chegar a eles, limpa para poderem desequilibrar, fazendo este russo, todo o trabalho na 1ª fase de construção. Kulkov por vezes não era compreendido na Luz, mas regularmente ocupava uma das vagas atribuídas aos estrangeiros (outros tempos). Há dois momentos que todos os Benfiquistas deverão recordar o golo ao Arsenal na vitória por 3-1 em Highbury Park, e os golos em Leverkusen, contra o Bayern local, nos famosos 4-4.

Kulkov passou 3 anos no Benfica, mas em 94/95, rumou mais a norte, ao rival F.C. Porto onde só ficou apenas um ano, voltando ainda a jogar no futebol Português em 99/2000 com as cores do Alverca, mesmo nessa altura já em final de carreira, se vi-a que sabia bem os terrenos que pisava e como pisava, sempre com a sua gélida tranquilidade.

Não me recordo de nenhum jogador dos actuais, que possa dar como exemplo, para os mais novos que lêem este blog possam entender melhor a maneira de jogar deste Russo, mas aceito comparações / sugestões, por parte daqueles que tal como eu o viram jogar. Ainda hoje tenho dúvidas se não levaria ele, pedras de gelo escondidas nas mãos! Kulkov, o homem do gelo!

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